Compositor: Pancho Varona / José Nodar / Jaime Asua / Antonio Garcia de Diego
Posso ser brega e dizer
Que seus lábios me parecem iguais
Aos lábios que eu beijo
Nos meus sonhos
Posso ser deprimente e dizer
Que já está ótimo ser o seu inimigo
O seu tudo, o seu escravo
A sua febre, o seu dono
E, se você quiser, também
Posso ser a sua estação e o seu trem
O seu mal e o seu bem, o seu pão e o seu vinho
O seu pecado, o seu Deus e o seu assassino
Ou, talvez, ser essa sombra
Que se estende ao lado do tapete
À beira da lareira
À espera da maré subir
Posso ser humilde e dizer
Que não sou o melhor
Que me falta vigor
Para te prender na minha cama
Posso ser astuto e dizer
Para você me direcionar
Quando se cansar de amores baratos
E, brevemente, me chamar
E, se você quiser, também
Posso ser seu o seu trapézio e a sua rede
O seu adeus e a sua chegada, o seu cobertor e o seu frio
A sua ressaca, a sua segunda-feira, a sua monotonia
Ou, talvez, ser esse vento
Que te tira do tédio
E te deixa mergulhada em uma dúvida
No meio da rua e nua
E, se você quiser, também
Posso ser o seu advogado e o seu juiz
O seu medo e a sua fé, a sua noite e o seu dia
O seu rancor, o seu porquê, a sua agonia
Ou, talvez, ser essa sombra
Que se estende ao lado do tapete
À beira da lareira
À espera da maré subir
Ou, talvez, ser esse vento
Que te tira do tédio
E te deixa mergulhada em uma dúvida
No meio da rua e nua
Ou, talvez, ser essa sombra
Que se estende ao lado do tapete
À beira da lareira
À espera